What About Women in the History of Anthropology? | Simpósio sobre Empoderamento de Mulheres – Pathways | III Colóquio Latinoamericano de Antropologia Feminista
Publicado em 06 de julho de 2018
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Na década de 1960, a antropologia sofreu,  uma importante mudança. As abordagens aparentemente neutras ou distantes dos objetos e contextos estudados, bem como as posições colonialistas,  partilharam perspectivas engajadas em que havia adesão do/a pesquisador/a com as lutas pela justiça e transformação social envolvendo os movimentos estudados, particularmente, grupos populares e subalternizados. Esta reviravolta foi possível, em grande medida, graças à contribuição das mulheres para a disciplina que, teorizando a subjetividade, a agência e o poder, construíram as condições deste deslocamento.

As mulheres estão presentes na  história da antropologia, a despeito das versões mais difundidas que as tornam invisíveis e que assumem suas contribuições como menos relevantes. Atualmente, apresar das várias iniciativas da Antropologia Feminista em reorientar o pensamento antropológico através das lentes do gênero e da sexualidade, a disciplina ainda se mantém como uma dimensão andocêntrica da realidade. Os cânones da antropologia reconhecem poucas mulheres e os cursos de graduação e pós-graduação têm predominantemente homens em suas bibliografias. Raramente, em um curso de teoria antropológica, há uma mulher além de Margaret Mead ou Ruth Benedict.

Atualmente, na antropologia mundial, as mulheres são maioria nas associações. Muitas são presidentes, tais como a American Anthropological Association (AAA) presidida por Alisse Waterston, a International Union of Anthropological and Ethnological Sciences (IUAES) presidida por Faye Harrison e a Associação Brasileira de Antropologia (ABA) presidida por Lia Zanotta Machado. Ainda assim, quando falamos sobre “teoria antropológica”, não há o suficiente reconhecimento da produção das mulheres. Com base nisso, perguntamos: e as mulheres na história da antropologia?

A participação das mulheres na antropologia é uma genealogia invisível, para usar um termo de Regna Darnell. Desde sua emergência enquanto área de conhecimento, a antropologiatem investido  nas relações de proximidade entre o pesquisador e seus interlocutores, sinalizando o questionamento da neutralidade da ciência, ditada em categorias como “posicionalidade”, introduzidas no Brasil pela feminista antropóloga Cecília Sardenberg. De acordo com Marylin Strathern, a antropologia foi “colonizada” pelo campo conceitual feminista na década de 1970, gerando uma especialidade preocupada com “mulheres” e “gênero”, chamada Antropologia Feminista. No entanto, o campo conceitual feminista e sua posterior especialidade não conseguiram produzir deslocamentos na disciplina antropológica como um todo. Para Guita Debert, a antropologia feminista tornou-se um sub campo relevante, exigindo que o pesquisador se declare pessoalmente como feminista.

Nesta base, o evento permitirá a construção de uma reflexão densa sobre os impactos do feminismo na história da antropologia, bem como o reconhecimento e apreciação das contribuições de mulheres, indígenas, trans *, negros e outros grupos subalternizados na história desta disciplina. Isso afetará diretamente o arcabouço teórico do campo, ampliando a participação de reflexões mais simétricas e decoloniais no cânone antropológico mundial, uma vez que prevê a participação das principais especialistas no tema Ásia (com ênfase no Sul), América do Norte, América Central, África e Brasil.

 

Local: CEAO – Centro de Estudos Afro-Orientais
Endereço:
Praça Gen. Inocêncio Galvão, 42 – Dois de Julho, Salvador – BA, 40060-055

Período: 23 a 27 de Julho de 2018

Maiores informações e inscrições: http://www.womeninanthropology.ufba.br

 

PROGRAMAÇÃO

SEGUNDA-FEIRA | 23/07/2018

Passeio Turístico – Uma Salvador Feminista!
Coordenadora: Naiara Maria Santana Neves

17h – Oficina “Corpos de Mulher na Roda”

Coordenação: Christine Nicole Zonzon (PPGCS/UFBA)

O Grupo de Estudos e Intervenção Marias Felipas é um grupo de mulheres capoeiristas, pesquisadoras, educadoras, feminist as e ativistas. Nessa experiência de organização o grupo abordará o tema do corpo da mulher a partir de suas trajetórias dentro de uma tradição masculina e machista. A oficina será composta de uma roda de capoeira feminista, organizada pelas integrantes do Marias Felipas e outras capoeiristas convidadas, seguida de uma Roda de conversa.

TERÇA-FEIRA | 24/07/2018

09h – Educação, Gênero e Empoderamento de Mulheres
Miriam Steffen Vieira (UNISINOS/Brasil)
Felipe Bruno Martins Fernandes (UFBA/Brasil)
Ângela Figueiredo (UFRB/Brasil)
Vinicius Kauê Ferreira (EHESS-Paris/França)

Coordenadora: Isabel de Souza Acker (UFBA/Brasil)
Debatedora: Patrícia Godinho Gomes (UFBA/Brasil)

14h – Antropologia, Feminismos e Empoderamento de Mulheres no Sul Global

Carmelita Silva (Uni-CV/Cabo Verde)
Mary Goldsmith (UAM-Xochimilco/México)
Hairam Machado (UFBA, Brasil)
Cristina Buarque (Fundação Joaquim Nabuco, Brasil)

Coordenadora: Márcia Tavares (UFBA/Brasil)
Debatedora: Ana Cláudia Pacheco (UNEB/Brasil)

18h – Keynote
Un-Silencing the Past: Rehistoricizing U.S. Anthropology with Transnational Black Women’s Intellectual Biographies, Faye V. Harrison (University of Illinois/Estados Unidos)

QUARTA-FEIRA | 25/07/2018

09h – Antropologia Feminista no Brasil
Adriana Piscitelli (UNICAMP, Brasil)
Miriam Pillar Grossi (UFSC/Brasil)
Candice Vidal e Souza (PUCMINAS, Brasil)

Coordenadora: Marcela Franzen (UERJ, Brasil)
Debatedora: Cecília Sardenberg (UFBA, Brasil)

14h – Movimentos Feministas e Empoderamento
Clementina Furtado (Uni-CV/Cabo Verde)
Viviane Hermida (UFBA/Brasil)
Marisa Ruiz (Universidad Autónoma de Quiapas/México)

Coordenadora: Naiara Maria Santana Neves (UFBA/Brasil)
Debatedora: Maíra Kubik Mano (UFBA/Brasil)

18h – Keynote
Contextualizing Indian Feminist Scholarship within Local Patriarchy and Global influences, Subhadra Mitra Channa (University of Delhi/India)

QUINTA-FEIRA | 26/07/2018

09h – Etnografias Clássicas e Contemporâneas
Melissa Steyn (University of Witswatersrand/África do Sul)
Patricia Tovar (CUNY, NYC/Estados Unidos)
Susana Maia (UFRB/Brasil)

Coordenadora: Luana Nascimento Vieira (UFBA/Brasil)
Debatedora: Cecília MacCallum (UFBA/Brasil)

14h – Rede Latinoamericana de Antropologia Feminista
Monica Tarducci (UBA/Argentina)
Walda Barrios-Klee (FLACSO/Guatemala)
Susana Rostagnol (Universidad de la República/Uruguai)

Coordenadora: Hairam Machado (UFBA/Brasil)
Debatedora: Zelinda Barros (UNILAB/Brasil)

18h – Keynote
Indigenous women in Mexico: from ‘objects of study’ to anthropological authorities, Martha Patricia Castañeda Salgado (Filiação)

SEXTA-FEIRA | 27/07/2018

08h – Grupo de Trabalho | Epistemologia Feminista, Práticas de Pesquisa, Corpos e Experiências

Coordenadoras: Anne Alencar e Maiara Amaral (UFBA/Brasil)

Embarcadas: entre a casa e o trabalho, Geisa Costa Coelho e Denise Machado Cardoso (UFPA)

Descortinando a teoria em branco e a biblioteca colonial da Antropologia: raça- gênero, escrevivências e des/decolonização, Amanda Medeiros Oliveira (UFBA)

Reflections of survivors: a key for femicide prevention among migrant women, Anita Nudelman (Ben Gurion University/Israel) e Santiago Boira (University of Zaragoza/Espanha)

A (re)construção de um novo-velho paradigma de parto e nascimento a partir da contribuição de duas antropólogas feministas, Giovanna De Carli Lopes (UFBA)

Abalou capoeira: Como corpos e vozes de mulheres afetam a tradição, Christine Nicole Zonzon (UFBA)

(Re)vendo as mulheres. O viés ou no que implica fazer uma etnografia feminista, Barbara Thompson, Camila Corrêa Félix, Jucélia Santos Bispo Ribeiro e Vanessa Moreira dos Santos (UFBA)

Outras Antropologias: trajetórias de antropólogas não-brancas e produção de teoria decolonial no 18th IUAES World Congress, Leonardo Ramos (UFSC/Brasil)

ENCERRAMENTO

 

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